Fogo do Inferno

Como fogo do Inferno,
Era a forma como queimavas a minha pele ao teu toque.
Se o fogo do Inferno não fosse gelado.
Como se os anos não passassem, a pele não envelhecesse e a alma permancesse intacta.
Às vezes sinto o pesar dos anos que ainda não passaram nos ombros.
Nos meus, nos teus, nos nossos.
E seremos sempre mais velhos do que a idade real nos diz.
As batalhas são tantas, a cada dia, hora, minuto ou segundo.
Consome, consome o pouco de luz que temos em nós, e permanece a sombra.
A sombra de um novo dia de Inverno, que caminha a passos largos e anuncia a sua chegada.
E deixemos que a chuva leve as angústias de mais um dia que passou, e que nada de novo surge.
Como um raio de sol brilhante,
Era a forma como os meus olhos reluziam quando te olhava.
Se os meus olhos ainda reluzissem.
E o amor, esse fica guardado no peito, até o tempo ditar o fim.
Ah o Tempo, o Senhor de todas as coisas, o velho ancião que tanto tem a ensinar a quem queira ouvir as suas histórias.
E eu sento-me como uma criança que ouve histórias de embalar, e tento reter na memória, as memórias de vidas que passaram e não foram minhas, sendo-as.
E tento levar na mente os erros que sei que irei cometer, na consciência que não é a primeira vez que os vejo, mas como se fosse a primeira vez que magoam.
E então sei que no fim do dia é altura de deixar ir, de me deixar ir, o melhor e pior.
A luz e a escuridão, a cura e as pragas, e salvação e destruição.
Sem medos e com amor no coração.
É altura de deixar ir no começo de um novo dia, com a réstia de esperança de um novo começo, ainda que com a sapiência de que há sentimentos que ficaram retidos no coração enquanto respirar.
E que o amanhã amanheça um pouco menos solarengo, um pouco menos gélido. Apenas ameno.
23/09/2016

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Encontra-me

Solidão